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Correspondência Interna
Friday, August 06, 2004
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“Fotografias antigas”


(foto emprestada de quiduxa30.blogs.sapo.pt)

Porque é que olho para as minhas fotografias antigas
E já pouco reconheço de mim?
Porque é que o brilho no meu olhar se extinguiu, como se os anos
Tivessem consumido a parte solar de mim?
Existem coisas que não se explicam,
Existem coisas para as quais não vale a pena
formular perguntas...
Todas as questões encontram apenas
Respostas reduzidas
A um brilho ausente
Num olhar que já não conheço...

Existem coisas que apenas se constatam
E essas coisas que apenas se constatam,
Matam-nos um pouco por dentro...
Mas, na realidade, não nos matam,
Apenas encaixam nas partes de nós que já morreram
Como se, por fim, a alma dos momentos passados
Regressasse ao ponto em que um dia existiram
Para que a sua viagem, finalmente, termine.

Porque é que olho para as minhas fotografias antigas
E já não sei sorrir como sorria?
Porque é que olho para essas fotografias antigas
E compreendo que, no fim de todas as coisas,
Já não sei sentir como sentia?
Porque é que sinto,
Quando olho para as minhas fotografias antigas,
Que deixei cair todas as coisas,
Que desisti de tudo em que acreditava
E que, no final de tudo,
O meu olhar é a factura que ostento
Onde contemplo
Todas as coisas que vivi?

Existem coisas que não se explicam.
Mas nem assim estas coisas se tornam mais simples,
Ou menos importantes...
Coisas como fotografias antigas,
E o que estas nos fazem sentir,
Não se explicam,
Mas nem por isso
Deixam de pesar dentro de nós,
Nem por isso deixam de nos fazer sentir
Que o nosso olhar ficou nessa película,
E que esse olhar fomos nós
Perdidos num passado sem retorno
Num passado de que restam apenas
Fotografias antigas
E perguntas inúteis
E um olhar que morreu
E, por fim, um peso que nunca
Há-de acabar.


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